Identifiquei que uma das principais preocupações de pacientes jovens é sobre o sigilo do que é dito em terapia. Afinal, “Os meus pais vão saber o que a gente conversa aqui?” Isso nunca veio numa pergunta direta como essa. Mas a preocupação (após meia dúzia de rodeios) era essa. Principalmente com menores de idade e destes, dos que vem à terapia mais ou menos contrariados. Então, seja o leitor um adolescente ou familiar deste, vou explicar como funciona a confidencialidade (o segredo) em terapia com pacientes menores de idade.
Para que a terapia seja eficaz, a pessoa deve ser capaz de revelar seus pensamentos, sentimentos, experiências e comportamentos sem medo de julgamento. Eles também devem ter certeza de que o terapeuta não compartilhará essas informações com ninguém. Entretanto, no caso dos adolescentes a comunicação colaborativa entre terapeutas e pais pode ser benéfica para o bem-estar do paciente. Mas a extensão da comunicação depende de fatores como a idade do adolescente, o seu nível de consentimento, segurança e o julgamento profissional do terapeuta.
Então a resposta é sim, os terapeutas podem discutir certos aspectos da terapia de adolescentes com seus pais. Mas também sim, haverá confidencialidade e respeito ao nível de autonomia do paciente. Ou seja, há uma zona cinzenta e o que geralmente faço é esclarecer a ambos que sempre haverá sigilo quanto ao conteúdo do que é falado em terapia (falas literais, os assuntos de interesse e vivências afetivas privadas). O que os pais têm o direito de saber é sobre a evolução do processo terapêutico e das formas que podem auxiliá-lo. Nestes casos a comunicação eficaz e aberta pode melhorar o sucesso geral da psicoterapia.
O objetivo da terapia é que a pessoa se sinta bem e se engaje de maneira positiva nas relações. E quando um adolescente pode discutir abertamente os seus sentimentos na terapia, a sua relação com outras pessoas, incluindo os pais, pode melhorar.
